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A tragédia do submarino e a relação psicológica com as dores psíquicas do indivíduo

A tragédia com o submarino da Ocean Gate foi um dos maiores destaques da mídia nos últimos dias. A embarcação que tinha como objetivo levar passageiros para visitar os destroços do Titanic, desapareceu em alto mar e, aparentemente, implodiu ocasionando as mortes instantâneas, por falta de estrutura para sobrevivência dos tripulantes.

Uma aventura perigosa que instigou o espírito aventureiro e desbravador de quem se habilitou a viver uma nova experiência. Do ponto de vista psicanalítico, porque as pessoas se colocam em situações de risco? Visitar o passado, no caso revisitar a história do Titanic, pode ser favorável para o indivíduo?


A aventura em águas instáveis, sem preparo adequado, sem uma estrutura aprovada tecnicamente para a expedição, que levasse os passageiros em total segurança, para visitar um passado, mostra que, uma busca e exploração constante a tempos antigos, memórias antigas, precisa sempre de um acompanhamento especializado, para que o indivíduo não fique preso a questões que podem alimentar ainda mais dores, culpas, julgamentos, arrependimentos, entre outros sentimentos traumáticos, gerando desequilíbrio emocional e desconfortos.

Essa imersão exagerada no passado pode nos arrastar para abismos de angústia, ansiedade, nos distanciando do agora e de nosso futuro. Além de minar as chances de conseguirmos construir uma relação saudável e equilibrada com o momento presente e fortalecer expectativas positivas para o que vamos vivenciar no amanhã.


Essa avalanche de emoções negativas ocorre por nos agarrarmos, frequentemente, às sombras do passado, fragilizando a mente ao revisitar eventos traumatizantes. Desta forma, é inevitável implodir.

O nosso bem-estar emocional está alicerçado na sabedoria humana de se construir a cada dia, através do autoconhecimento e da compreensão de que o passado não pode nos moldar, já que o que deve nos moldar é a definição do que somos hoje.


Podemos olhar para trás para ver o que é preciso corrigir, mas o foco sempre deve estar no presente e no futuro, do contrário, estaremos presos em âncoras a nos puxar para o fundo.


Outra análise a ser feita nesse triste episódio, é o que levou esse seleto grupo de milionários a se aventurarem perigosamente? Algumas possibilidades: a motivação intrínseca pela conquista e autoafirmação que aguça a necessidade inata de pertencimento e de aprovação; Satisfação pessoal da conquista e superação de desafios; Influência otimista em relação aos resultados futuros, subestimando riscos em atividades arriscadas; Aceitação e reconhecimento social que traz uma falsa ilusão de poder e aprovação intensa, alimentando o ego, entre outras.

Por fim, as motivações são individuais, mas qualquer uma destas hipóteses, demonstra a presença e o indício de fragilidades psíquicas de insegurança, falta de amor próprio, desejo por validação; carência; ansiedade intensa; egocentrismo; imaturidade. Claro que, não sabemos o momento de vida de cada tripulante, mas sem dúvida, faltou bom senso e consciência humana.


Enfim, o submarino desaparecido deixou uma aula sobre nosso Estado de Presença. Um seleto grupo de bilionários escolheu fazer uma expedição em um submersível de frágil tecnologia e o resultado foi a abreviação da vida. Assim é a nossa vida, às vezes a nossa busca por retalhos de nossa história nos sequestra do presente.


A vida, de fato, só existe no presente. Quanto mais presente você estiver, mais fundo você mergulha em sua verdade, descobre suas forças, aniquila os medos, a ansiedade, a necessidade de aprovação, fortalecendo a autoestima e o amor próprio.


Do contrário, aventuras perigosas e inseguras podem custar caro, mais especificamente, sua saúde mental e sua vida.


Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista

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