Dario Vitale deixa a Versace após poucos meses na direção criativa

Saída do estilista acontece em meio à reestruturação da maison após aquisição pelo grupo Prada

A Versace confirmou a saída de Dario Vitale do cargo de diretor criativo, menos de um ano após o estilista assumir a liderança artística da icônica maison italiana. A decisão acontece em um momento estratégico de transição interna, marcado pela recente aquisição da marca pelo grupo Prada, movimento que vem redesenhando os rumos criativos e corporativos da grife.

Vitale havia sido anunciado como sucessor de Donatella Versace, que esteve à frente da marca por quase três décadas e se tornou uma das figuras mais emblemáticas da moda mundial. Sua nomeação representou uma mudança histórica: pela primeira vez, a direção criativa da Versace ficava nas mãos de alguém fora da família fundadora.

Da Miu Miu para a Versace

Antes de chegar à Versace, Dario Vitale construiu sua carreira dentro do grupo Prada, especialmente na Miu Miu, onde atuou por mais de dez anos nas áreas de design e desenvolvimento de imagem. Sua atuação na marca foi associada à construção de uma estética jovem, atual e alinhada ao consumo de moda nas plataformas digitais.

A escolha do estilista indicava uma tentativa clara da Versace de dialogar com uma nova geração de consumidores, sem abrir mão do DNA marcante que sempre definiu a casa: sensualidade, excesso, glamour e referências aos anos dourados do luxo italiano.

Estreia e recepção

A única coleção de Vitale apresentada para a Versace aconteceu durante a Milan Fashion Week e procurou reinterpretar códigos clássicos da marca sob um olhar mais contemporâneo. Elementos típicos da estética Versace — como silhuetas justas, brilho, recortes e referências aos anos 1980 — surgiram em propostas mais limpas e estruturadas.

A recepção, no entanto, foi mista. Enquanto parte da crítica elogiou o esforço de atualização, outros apontaram cautela estética e a ausência de uma ruptura forte o suficiente para marcar uma nova fase definitiva da maison.

Saída em meio à mudança de estratégia

Pouco tempo após a compra da Versace pelo grupo Prada, veio o anúncio oficial da saída de Vitale, descrita como fruto de um “acordo mútuo”. A marca agradeceu ao estilista pelo trabalho realizado durante o período de transição, mas não detalhou os motivos exatos do desligamento.

Nos bastidores da indústria, a avaliação é de que a decisão está diretamente ligada ao replanejamento estratégico promovido pelos novos controladores da marca, algo comum em processos de fusão e aquisição, quando estruturas criativas e executivas passam por revisão.

O legado e o desafio da Versace

Assumir a direção criativa da Versace é, por si só, um dos cargos mais desafiadores da moda. A marca carrega uma identidade extremamente consolidada e atrelada à história pessoal de Donatella Versace, cuja assinatura estética atravessou décadas e temporadas.

Essa herança pesa sobre qualquer sucessor, especialmente em um momento em que o mercado exige resultados rápidos — tanto criativos quanto comerciais — em um cenário cada vez mais competitivo.

O que vem agora

Até o momento, a Versace não anunciou um novo diretor criativo. A equipe interna segue trabalhando sob a supervisão da liderança global da empresa, enquanto o mercado aguarda o nome que assumirá o desafio de conduzir a próxima fase da grife sob gestão do grupo Prada.

A expectativa é de que a escolha determine se a maison seguirá aprofundando seu diálogo com o público jovem ou se optará por um retorno mais enfático às suas raízes maximalistas.

Um retrato da moda contemporânea

A curta passagem de Dario Vitale pela Versace reflete uma tendência crescente no mercado de luxo: a alta rotatividade de diretores criativos e a pressão por impacto imediato dentro de um negócio global bilionário. Em um setor que exige constante reinvenção, carreiras podem ser redirecionadas com a mesma rapidez com que são celebradas.

Enquanto o próximo capítulo não é anunciado, a dúvida permanece: quem será o estilista a comandar a nova era da Versace?