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"É crucial que este tema ganhe mais destaque tanto na internet quanto na sociedade em geral. A saúde mental tem se tornado cada vez mais relevante, e observamos um aumento significativo no número de pessoas diagnosticadas dentro do espectro autista, especialmente aquelas que se encontram no nível 1 de suporte. Este é o nível em que o autismo é menos evidente, tornando-se praticamente "imperceptível" aos critérios diagnósticos convencionais. No entanto, isso não significa que não estivemos sempre presentes entre vocês. Infelizmente, os métodos de diagnóstico e rastreamento atuais na medicina e na neurociência estão desatualizados, não oferecendo um método eficaz para detectar o autismo nos dias de hoje.
Somente em 2012, com a atualização do DSM 5, houve a eliminação das categorias de autismo como leve, severo e moderado, além da desconsideração da Síndrome de Asperger como uma forma distinta dentro do espectro autista.
Minha jornada para compartilhar minha experiência como pessoa dentro do espectro autista na internet é recente, porém, minha vida foi marcada por uma trajetória psicológica e violenta. Passei por três internações em instituições psiquiátricas durante a adolescência e o início da idade adulta, e testemunhei a morte de um amigo durante uma dessas internações, vítima da violência perpetrada nesses ambientes.
Essas experiências me fazem refletir que poderia ter sido eu, ou poderia ter sido o filho ou filha de qualquer pessoa que lê estas palavras. Recebi diversos diagnósticos errados ao longo do tempo, como Transtorno de Personalidade Borderline e Histriônico, e fui submetido a uma quantidade excessiva de medicamentos na tentativa de tratar esses problemas, enquanto o diagnóstico correto de autismo não era considerado.
Minha busca por tratamento pelo sistema de saúde estatal foi marcada por hostilidade, especialmente nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), contribuindo para uma fobia generalizada a ambientes hospitalares entre muitas pessoas neurodiversas.
A falta de acessibilidade na minha vida acadêmica e profissional continua sendo um desafio significativo, e minha educação escolar foi marcada por dificuldades devido à ausência de um diagnóstico adequado e de suporte especializado. Minha incapacidade de me reintegrar ao mercado de trabalho desde 2019, corroborada pelo dado do IBGE de que cerca de 85% dos autistas no Brasil dependem de trabalhos informais para sua subsistência, foi um dos motivos para começar a compartilhar minha história online.
Essas experiências evidenciam o capacitismo arraigado em nossa sociedade, onde as estruturas educacionais, ambientes de trabalho e interações sociais são moldadas para atender às necessidades das pessoas neurotípicas. Como neurodivergentes, somos constantemente desafiados a nos adaptar a essas normas, enquanto nos é exigido o mesmo sucesso que é esperado dos outros. Minha espiritualidade foi fundamental para minha sobrevivência, e creio que só estou vivo hoje por causa dela".
Kelvin Lamare, autista - tdah - ah/sd
DEPOIMENTOS:
Me chamo Henrique Gouveia, sou autista nível 1 de suporte e tenho 33 anos. Ser autista nos dias de hoje ainda é muito doloroso, apesar do assunto ser muito divulgado atualmente, ainda deparamos com muito preconceito e muitas falas capacitistas, nos colocando sempre como coitados. Quando estamos bem (sem crises) somo considerados ótimas pessoas, ao menor sinal de uma crise muitas vezes somos abandonados e subjugados. Tanto se fala em direitos ao qual o autista possui, porém para conseguirmos usufruir deles precisamos acionar o judiciário para que de fato possamos ter acesso. A inclusão ainda é muito perversa, podemos pegar um exemplo simples como um supermercado, se observarmos iremos perceber que todo supermercado ou hipermercado tem caixas destinados a PCD, no entanto geralmente apenas 1 caixa de fato estará funcionando, os demais destinados ao PCD fica fechado, eles existem, porém para cumprir protocolo.
Precisamos de uma inclusão prática e não apenas teórica!
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Me chamo Romulo Moraes, sou de Rio Branco, Acre, sou autista com diagnóstico tardio e há quase 3 anos fui diagnosticado com autismo nível 1 de suporte, mas na minha região existem poucos recursos e muito mais capacitismo, então em maio de 2023 comecei fazer consulta presencial e passei 6 meses fazendo, até que dia 27 de março de 2024 eu recebi meu laudo acusando o autismo e foi muito libertador, hoje eu me aceito como pessoa com deficiência e Autista.
Este é apenas o começo da nossa jornada rumo a uma Nova Era. Laroyê!
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