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Opinião: A Estreia de THE BRAZ e o poder da família na moda

Assisti à estreia de THE BRAZ no YouTube e, devo admitir, o que encontrei foi mais do que um reality; foi uma masterclass sobre a máquina de conteúdo global. Eu vi ali um olhar que finalmente se despe do superficial. O que se revela é a família brasileira, estratégica e afetuosa, trabalhando com o glamour como matéria-prima, mas sem se render a ele.

@riachuelo
@riachuelo

Ontem (30), finalmente consegui cumprir o que se tornou o evento da semana: assistir à estreia de THE BRAZ no YouTube. A expectativa em torno do reality show da família Braz — capitaneada por Silvia e com as filhas Maria Vitória, Maria Antônia e Maria Isabela (Bebela) no elenco — era gigantesca. Não se tratava apenas de um lançamento, mas sim do documento mais aguardado sobre o backstage do glamour global.

O que encontrei foi, de fato, um olhar sofisticado sobre o trabalho em família e a elegância da exaustão, que superou todas as promessas de Milão e me prendeu à tela.


A narrativa me jogou direto na pressão. Maria Braz, a voz que dita o ritmo, confessa a dureza do itinerário: "Foi a semana de moda mais longa que eu já tive em toda a minha vida". Eu acompanhei a jornada — de Madrid (com Carolina Herrera) a Londres (com Burberry), culminando na temporada "gigantesca" de Milão. A mentalidade é de foco absoluto, um código ético que Silvia Braz, figura central da equipe, reforça com autoridade: "Ninguém vem para Milão para passear, não. Aqui é para trabalhar".


Minha análise é que a eficiência do grupo reside na sua dinâmica. Uma força de trabalho dividida em "time júnior e time sênior." Longe de ser uma competição interna, essa união se revela um ativo para a excelência e o apoio mútuo, o segredo do sucesso.


Silvia Braz explicou a lógica dessa união: "Quando a gente se junta, os dois times, é uma somatória muito boa porque a gente traz dois pontos de vista, a gente se ajuda, a gente pensa junto". O que o programa me mostra é um escritório que opera em regime 24/7, onde a cumplicidade é inegociável.


O trabalho é tratado com a precisão de um editorial. Maria Braz detalha o rigor do método: "Roteiriza, a gente pensa, a gente pensa na imagem, a gente pensa na cor da foto. Enfim, tudo é muito pensado". Vi também o produtor, Marlon, atuar como o motor invisível, mas ele não escapa do humor afiado do grupo. Em uma cena que define a tensão, ele é lembrado, com ironia, do seu papel: "Eu estou te fazendo tudo. Porque é o meu trabalho, você me contratou pra isso".


O que me conquistou ,mesmo em THE BRAZ foi o seu contrato de autenticidade, com amor, humor e muita dedicação - e de todos -. O reality se compromete a mostrar a vida por trás dos filtros, e Silvia Braz definiu o escopo do documentário: "O que a gente pode e deve mostrar na viagem? Ah, mostrar o dia a dia, mostrar os desfiles, mostrar as risadas, mostrar as confusões, mostrar eu feia, mostrar eu linda".


Vi a exaustão virar piada, com seu humor inconfundível, a mãezona usa o próprio estado para gerar riso, admitindo: "Olha aqui, eu tô igual uma galinha depenada". O perrengue também é pauta, com Silvia Braz narrando a vulnerabilidade em viagens: "Eu estava em Portofino com a Maria Antônia, no aniversário de um amigo meu, no meio da festa me deu dor de barriga". - a diva sempre com muito sorriso no rosto.


Até o gossip é elevado a um patamar intelectual. Durante o translado a um desfile, Silvia Braz sugere a análise que a VAM tanto preza: "Eu gostaria de ler um estudo antropológico sobre a fofoca. Porque a fofoca, ela é interessante, ela edifica". O grupo define seu objetivo de forma simples: "Acho que a gente quer mostrar quem a gente é. A nossa vida. As nossas pessoas, a nossa turma". Silvia Braz comenta a conclusão final: "Mostrar o que é mesmo. É a vida, é a vida acontecendo, entendeu?".


Para mim, a conclusão do reality é o seu moment:o mais potente. Após absorverem a haute couture europeia, o grupo aterra a narrativa em uma declaração de pertencimento e orgulho nacional. O statement mais memorável, que resume a ambição e o afeto da equipe, vem de Silvia Braz quando Marlon Perfunta se a família quer ser as Kardashians, Silvia responde rapidamente: "Não! Eu quero ser as Bussade Braz".


É aqui que o documentário atinge sua profundidade máxima, valorizando a potência e a essência criativa do país. A frase é um manifesto que aterra o luxo de Milão na realidade e na identidade brasileira, fechando com chave de ouro a narrativa que eu assisti.


THE BRAZ é um documento essencial. Eu saí da experiência sabendo que a moda é feita de trabalho, planejamento, risadas e muita cumplicidade. Não há nada mais adulto e chic do que valorizar a própria história e a força da sua origem.


*Por Antonnio Italiano


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