Psicólogo Aslan Alves Chaves explica tudo sobre os 3 tipos de TDAH
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Psicólogo Aslan Alves Chaves explica tudo sobre os 3 tipos de TDAH

O pós-graduado em Neurociência conversa com a VAM e explica tudo sobre essa doença crônica que inclui dificuldade de atenção, hiperatividade e impulsividade.

Afroafeto por Gabriella Maria

O TDAH é um distúrbio de ordem neurológica que se manifesta sob a forma de impulsividade, desatenção, falta de foco e hiperatividade, comprometendo o desempenho na escola, no trabalho e no meio social, interferindo, inclusive, nas relações interpessoais. Muitas pessoas pensam que somente as crianças convivem com essa condição, mas isso é uma falácia. Há inúmeros diagnósticos em adolescentes e adultos.


Essa condição está ligada a pequenas alterações na parte frontal do cérebro, região responsável pelo controle da atenção e do comportamento humano. O TDAH é um Transtorno neurobiológico relativamente comum na população, cujo qual afeta de 3 a 5% das crianças.


São 3 os tipos de TDAH, explica Aslan:

Pessoas com TDAH do tipo ‘Hiperativo’ apresentam inquietação constante, têm dificuldade em permanecerem sentadas. Durante uma conversa é comum interromperem aquele que fala e falarem de maneira agitada.


O TDAH do tipo ‘Desatento’ caracteriza-se por tornar comum ao indivíduo perder coisas, esquecer eventos, seguir etapas, organizar determinadas tarefas, evidenciando um dos sintomas mais comuns, que é a distração.


Já no TDAH do tipo ‘Combinado’, como o próprio nome já diz, há uma combinação de no mínimo 6 sintomas do tipo Hiperativo e 6 sintomas do tipo Desatento.


Um adulto com TDAH tem oito vezes menos chances de conquistar um diploma universitário, além disso, ele tem possibilidades reais de largar os estudos. Problemas de relacionamento social e problemas de evolução acadêmica são os principais motivos para a desistência da vida estudantil antes de sua conclusão.

Algumas pesquisas mostram que nem todos os adultos apresentam os sintomas de TDAH de maneira tão acentuada como aqueles observados em crianças. De acordo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção, em mais da metade dos casos, o Transtorno acompanha o indivíduo na fase adulta, entretanto, os sintomas de inquietação são mais brandos do que os observados em crianças. Veja alguns possíveis sintomas do TDAH em Adultos:


●Pode se apresentar desatento para atividades do trabalho e do dia a dia.

●Apresenta dificuldade para manter o foco em suas atividades.

●Costuma deixar seus trabalhos incompletos.

●Possui dificuldade de planejar suas atividades.

●Apresenta esquecimentos com frequência.

●Geralmente não consegue definir suas prioridades.

●Frequentemente se sente sobrecarregado.

A hiperatividade pode ser manifestada por excesso de atividades ou de trabalho.

Os traços de impulsividade podem ser observados em exemplos como a direção imprudente no trânsito ou em relacionamentos amorosos de curta duração.

●As alterações do sono também são comuns e se manifestam em dificuldades em manter um horário para dormir, não acordar nos horários previstos e em sonolência diurna.

●Apresenta uma frequente alteração de humor.

●Segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção, adultos com TDAH apresentam com frequência Ansiedade, Depressão e problemas com uso de álcool e drogas.

Atenção: A presença desses sintomas não significa necessariamente que um indivíduo apresenta TDAH. Em casos de suspeita, procure um especialista.


Tudo sobre TDAH:

Afroafeto por Gabriella Maria

1. Como faço para saber se tenho TDAH?

O diagnóstico do TDAH é clínico. A partir de uma boa anamnésia, junto com alguns questionários de rastreio, podemos obter a identificação. Entretanto o TDAH costuma causar prejuízos cognitivos, e uma avaliação neuropsicológica é recomendada para conseguirmos identificar essas questões. Costumo dizer que os resultados mostram as forças e as fraquezas do paciente, sendo assim é possível fazer algumas intervenções para ajustar isso.


2. Como é a vida social da criança com TDAH? Muito prejudicada, diferente das crianças sem o problema?

A vida social costuma ser prejudicada sim. Caso a criança seja diagnosticada com o TDAH combinado, que é a Hiperatividade junto com a Desatenção, ela será aquela criança com bastante energia, que sempre está correndo, que mexe em tudo e que, até mesmo na hora de uma brincadeira, não consegue ficar parada para ouvir a instrução até o final. Também costuma ser mais impulsiva, então fala o que está pensando e acaba magoando o outro. Mas tudo isso por não conseguir guardar para si tudo o que está passando na sua cabeça.


3. Caso não seja tratado ainda criança, o problema pode trazer consequências na vida adulta? Quais? Há alguma pesquisa específica sobre isso?

Sim e não. A criança com TDAH acaba apresentando muitos prejuízos na escola, consequentemente esses prejuízos refletem na vida adulta. Importante pontuar sobre as crianças antes da década de 90, quando ainda não se falava sobre diagnóstico. Algumas delas foram se adaptando do jeito que conseguiam para conseguir dar conta das demandas acadêmicas. No TDAH em adultos os sintomas não são tão acentuados como são em crianças. Há muitas demandas sociais que acabam impondo certa adaptação. Por exemplo: uma criança com Hiperatividade ficaria andando de um lado para o outro em qualquer lugar em que ela estivesse, já um adulto com Hiperatividade conseguiria ficar sentado em uma sala de reunião, mas pensando em mil coisas enquanto o chefe está falando, ou ficaria balançando a perna de uma maneira mais sutil, mas ainda sem conseguir manter o foco. Existem algumas pesquisas que mostram que adultos com TDAH têm mais chance de largar a Universidade e que têm uma tendência maior a quadros ansiosos e depressivos.


4. Aslan, quando uma criança só demonstra dificuldade de se concentrar em uma situação, por exemplo, na escola, pode ser TDAH? Existem níveis diferentes da doença? Como distinguir quem tem TDAH de uma criança que é simplesmente muito ativa?

É necessária uma avaliação para termos certeza do diagnóstico. Às vezes é só um desinteresse em relação a um conteúdo específico. O TDAH não apresenta desatenção seletiva. Se na escola não presta atenção, mas em qualquer outra coisa manter a concentração, então é improvável. Mas pessoas com TDAH conseguem se concentrar mais em coisas das quais gostam, então ficariam horas jogando vídeo game mas não conseguiriam se manter horas estudando. Pessoas com TDAH têm uma deficiência químico-cerebral. Quando estão diante de coisas ou de atividades prazerosas, estimulantes e cheias de novidades, esta circuitaria cerebral é naturalmente ativada. Em outras palavras, prazer e estímulo constantes aumentam a produção química no cérebro de quem tem TDAH, compensando suas deficiências.

Importante ressaltar que existem 3 tipos de TDAH: Hiperativo/Impulsivo, Desatento e Misto/Combinado.


5. Como o senhor acredita que seja possível tratar o TDAH sem medicamentos?

Cada caso é único. Em alguns é necessário o uso de medicação até mesmo para que possamos trabalhar em Psicoterapia estratégias para lidar com seus prejuízos.

A Psicoterapia, principalmente a TCC (Terapia Cognitiva Comportamental), vai ajudar o paciente no controle da impulsividade, na criação de estratégias para lidar com alguns esquecimentos e nas consequências que o Transtorno pode causar.


6. Na vida adulta e corrida, como descobrir a hiperatividade?

O TDAH tem um forte componente genético, então não é incomum que os pais levem os filhos para a consulta e comecem a se identificar com os questionamentos levantados por mim em algumas avaliações que faço. Cerca de 30% das crianças diagnosticadas têm um ou ambos os pais com o Transtorno. Mas no adulto é preciso avaliar o histórico da infância, como foi, se já apresentava esses sintomas... Nesse caso vale perguntar aos pais desse adulto como ele era na infância, se era uma criança muito agitada ou muito desligada, junto com a avaliação Neuropsicológica para ajudar a fechar o diagnóstico e ver os prejuízos existentes.


7. Jesus Luz falou para a VAM Magazine que têm hiperatividade com déficit de atenção. Existem sintomas para identificação?

Como falei anteriormente, precisamos ver o histórico de quando ele era criança e analisar alguns sintomas atuais. Os sintomas mais comuns são: esquecer com frequência onde deixa chaves, óculos, esquecer compromissos, sempre estar muito agitado querendo fazer muitas coisas ao mesmo tempo e acaba deixando tudo pela metade, instabilidade emocional, rendimento baixo no trabalho, procrastinação, falta de foco, entre outros.


8. Quando é preciso pedir ajuda de um profissional?

Quando você identifica que isso está atrapalhando muito sua vida. Relacionamentos amorosos com prejuízo, no trabalho o chefe sempre reclamando que você não está entregando as coisas no prazo, ou esquecendo dos compromissos, são sinais de que está na hora de procurar ajuda profissional e tentar entender o que está acontecendo.


9. Como lidar com as frustrações geradas pelo impacto da covid-19?

A covid-19 ainda está por aí, o risco ainda não acabou, por isso ainda precisamos manter certos cuidados. E acho que precisamos aprender a lidar com as frustrações que já foram causadas, no sentido de criar estratégias como leitura, meditação, fazer algo que gosta, para tentar sair um pouco disso tudo, mesmo que momentaneamente. Não é mentalmente saudável longos períodos ininterruptos de tensão constante, pode ser muito prejudicial.


10. Quais orientações podemos seguir para cuidar da nossa saúde mental?

Correndo o risco de ser repetitivo: Muita terapia! Além disso, se hidratar bastante, passeios ao ar livre, estar com pessoas que gosta, alimentação saudável, atividade física constante, manter a vida espiritual em dia também é muito bom, descansar e pegar um pouco de sol diariamente. A exposição ao sol aumenta a produção de endorfina pelo cérebro, substância antidepressiva natural, que promove sensação de bem-estar e aumenta os níveis de alegria. Encontrar pequenas fontes de prazer no seu dia-a-dia e sempre tentar encontrar um tempinho para cuidar de si.

Afroafeto por Gabriella Maria

Aslan Alves Chaves CRP 05/54575

Área de atuação

Psicólogo Clínico na Abordagem da TCC, Neuropsicólogo, Psicólogo Perito, Pós-graduando em Neurociências e Desenvolvimento Humano.

Endereço

Tijuca/ Leblon/Duque de Caxias – Rio de Janeiro

Redes sociais

@psicologoaslan

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Afroafeto por Gabriella Maria

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