FLEXA e Claraboia apresentam Construção no vento
- VAM Magazine

- 3 de set.
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A 5a exposição da Flexa reúne, pela primeira vez em São Paulo, obras que convocam a dimensão do vazio, do desejo e da suavidade

A Claraboia, em parceria com a Flexa, recebe a exposição intitulada Construção no vento, com abertura marcada para o dia 16 de agosto em São Paulo. A parceria reflete o interesse da Claraboia em articular projetos de arte contemporânea por meio da colaboração com artistas, curadores, galerias e instituições que se alinham ao nosso programa e, assim como nós, buscam novas formas de pensar e compartilhar arte.
Com curadoria de Luisa Duarte e expografia de Daniela Thomas, a mostra tem no seu título um paradoxo presente em uma reflexão de Nuno Ramos (1960–) sobre a poética de Mira Schendel (1919–1988): como seria possível edificar em meio ao efêmero? Como pensar uma construção que se dê por meio da volatilidade própria ao vento?
A partir de quatro núcleos a coletiva reúne, por meio das obras de mais de 40 artistas, formas de sensibilidade que escapam às lógicas pragmáticas e grandiosas, privilegiando o que reverbera silenciosamente. O núcleo intitulado Gestos mínimos apresenta trabalhos que, ao adotarem certa economia formal e se valerem de gestos ínfimos, sublinham aquilo que nos chega através de movimentos contidos, nos quais há um gasto mínimo de energia aliado a um intenso potencial de ressonância; Ativar o vazio, inspirado na afirmação de Mira Schendel, agrega produções capazes de ressignificar a ideia de vazio, não como representação do nada, mas como aquilo que existe e afeta; Paisagens rarefeitas reúne obras que tensionam o gênero clássico da paisagem, afastando-se do naturalismo em direção a representações rarefeitas, nas quais o que se vê opera no limiar da visibilidade.
Se alguns aspectos da obra de Mira Schendel servem aqui como uma espécie de bússola, o último eixo encarna o modo como Leonilson (1957–1993) abordava os campos em branco e os vazios em sua produção, subvertendo certa assepsia característica do minimalismo. Esse é um modo de fazer com que não apenas o vazio e o ínfimo compareçam na seleção de trabalhos, mas, com eles, também o erotismo, o desejo e a dor. Através de enxertos ou pequenas inscrições no espaço em branco, este núcleo remonta à face mais visceral de se pensar o sensível por meio da suavidade.
A curadoria de Construção no vento reflete o programa da Flexa na medida em que artistas consagrados, como Lucio Fontana (1899-1968), Mira Schendel, Tunga (1952-2016) e Adriana Varejão (1964-), são convocados a dialogar com artistas emergentes, como Rebeca Carapiá (1988- ) e Juliana dos Santos(1987-), que estarão na próxima Bienal de São Paulo. Já Iole de Freitas (1945- ), nome importante da arte brasileira desde a década de 1970, produziu uma escultura especialmente para a exposição, feita de papel glassine, fio de cobre e pedras, evocando uma série de aspectos presentes no partido curatorial.
A seleção de trabalhos também dá continuidade à sequência de mostras organizadas pela Flexa e curadas por Luisa Duarte, que produzem uma espécie de comentário sobre o contemporâneo. Permanece como pano de fundo uma tentativa de falar sobre o embotamento dos afetos e as capturas da atenção e do tempo que nos atravessam incessantemente, fazendo das obras escolhidas, e dos arranjos expográficos propostos, possibilidades de produção de experiências outras, capazes de avivar necessários sentidos inauditos. A mostra contará com texto da poeta e escritora Julia de Souza.
Artistas confirmados:
Adriana Varejão, Agnes Martin, Alexander Calder, Amilcar de Castro, Ana Matheus Abbade, Anna Maria Maiolino, Anna Sant'Anna, Antonio Bandeira, Arorá, Carlito Carvalhosa, Cildo Meireles, Eduardo Baltazar, Erika Verzutti, Ernesto Neto, Fernanda Gomes, Franz Weissmann, Hiroshi Sugimoto, Iole de Freitas, Ione Saldanha, Ivens Machado, Jac Leirner, Jesus Rafael Soto, Juliana dos Santos, Kishio Suga, Lais Myrrha, Leonilson, Leticia Ramos, Lucas Arruda, Lucio Fontana, Lydia Okumura, Lygia Clark, Lygia Pape, Maria Laet, Mira Schendel, Paulo Monteiro, Rebeca Carapiá, Sérvulo Esmeraldo, Siwaju.

SERVIÇO
Construção no vento abertura: 16 de agosto de 2025, encerramento: 4 de outubro de 2025.
Funcionamento: seg a sex, das 10h às 19h | sab, das 11h às 15h
Curadoria: Luisa Duarte
Curadora assistente: Daniela Avellar
Expografia: Daniela Thomas
Claraboia
Al. Gabriel Monteiro da Silva, 2906 - Pinheiros. São Paulo
Fotos:
Lucio Fontana: Sergio Guerini Cildo Meireles: Rafael Salim



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