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Rafael Witt: entre melodias melancólicas e o mundo — uma jornada de música e identidade

Cantor, compositor e produtor, Rafael Witt reúne em seu trabalho uma mistura autêntica de folk, rock, jazz, R&B, blues e influências globais, enquanto conta sua história de superação e busca por identidade artística.

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Na intimidade de um encontro no Orfeu, conversamos com Rafael Witt sobre sua trajetória no universo da música, revelando não só um artista multifacetado — cantor, compositor e produtor — mas também um homem que constrói sua carreira com profundidade e autenticidade. Entre memórias do Sul do Brasil, o desafio de migrar para São Paulo e as novas ambições que florescem, Rafael abriu seu coração e sua música para a VAM Magazine.


Da engenharia mecânica às relações internacionais, até o som da alma

Formado em Relações Internacionais, Rafael teve uma trajetória não convencional: antes de se entregar à música, estudou engenharia mecânica e enfrentou a resistência dos pais para seguir seu sonho musical. “A maior briga que eu tive com meus pais foi sobre largar o curso para ser músico, que acabei não fazendo”, relembra. “Eles só entenderam quando me formei e quis fazer um show de estréia ao invés de uma formatura.”

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Apesar de demorar para iniciar a carreira profissional como cantor e compositor, Rafael compõe desde 2015. Hoje tem um acervo com mais de 1.200 ideias musicais, mas é criterioso: só 30 foram lançadas até agora. “Sou um pouco egoísta com minhas músicas, são muito pessoais, por isso acabo sempre compondo sozinho”, confessa, revelando a intimidade que impregna sua obra.


A memória do Sul, a melancolia da “Estética do Frio” e a música em inglês

Natural do Sul do Brasil, ele carrega em sua música a influência da cultura gaúcha e o que chama de “melancolia”. “Cresci ouvindo milongas, música sobre a vida, a saudade, a nostalgia. Gosto do som do violão, das histórias contadas através da canção. Me identifico muito, desde pequeno com artistas e bandas que vem de regiões frias do mundo, como Inglaterra, Irlanda, Canadá, Islândia, Estados Unidos…”, explica. Ele também cita o livro Estética do Frio, de Vitor Ramil, que descreve a diferença cultural entre o Sul e outras regiões do Brasil, refletida na contemplação, uma melancolia que não é tristeza, mas uma profunda reflexão interna.


A língua inglesa acompanha Rafael desde suas primeiras composições: “A primeira música que escrevi era em inglês… Eu era muito tímido, tinha vergonha que as pessoas compreendessem exatamente o que eu tava sentindo, por isso acabei escrevendo em inglês, pra me defender um pouco, pra criar uma distância saudável entre mim e o ouvinte no Brasil. Assim, eu acreditava no início, que eu podia ser muito honesto, direto ao ponto e não estaria tão vulnerável…”. Com o idioma como ferramenta poética, em 5 anos de carreira, Rafael encontrou seu público no Brasil, apesar da barreira linguística, e também pelo mundo, onde conta com uma base de fãs crescente, principalmente no último ano, na Irlanda, Austrália, Estados Unidos, Portugal, Reino Unido e Canadá.


Wanderer Sessions 3: um mergulho folk global em Minas Gerais

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Em 14 de agosto, Rafael inicia o lançamento do projeto Wanderer Sessions 3, uma série audiovisual gravada ao vivo em Santa Rita do Sapucaí (MG). “Foi uma imersão criativa de oito dias com a banda, entre ensaios em São Paulo e a gravação no interior de Minas”, conta. O projeto traz 20 faixas, entre composições próprias e releituras inéditas de clássicos nacionais e internacionais, com arranjos acústicos e colaborativos.

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Destacam-se faixas autorais como “Reminisce” e “Cold Bones”, uma releitura folk introspectiva de “Duality”, da banda de Nu Metal americana Slipknot e uma versão a capela de “Work Song”, do irlandês Hozier, além de mashups e arranjos com instrumentações variadas, como sapateado, sanfona, percussão corporal, bombo leguero e ngoni. “O processo foi muito vivo, cheio de improvisos e decisões espontâneas, um retrato de atravessamento artístico entre raízes e fronteiras”, define Rafael.

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O universo musical de Rafael Witt: conexões e inspirações

Rafael também fala da importância da colaboração na sua música. Conta da experiência especial de trabalhar com Duca Leindecker, que compôs para ele a parte em português da canção “Don’t Cry”, fortalecendo uma amizade artística. Outro destaque é o músico brasileiro Gustavo Bertoni, da banda Scalene, que inspirou e participou das gravações de seu álbum de estreia e canta em “Don’t Cry”.


Reflexões finais e planos para o futuro

Hoje morando em São Paulo, Rafael reconhece que a cidade é onde estão as oportunidades e as pessoas para construir sua carreira: “Estou cercado de gente boa, o caminho está se abrindo, e eu não tenho planos de desistir.


Cantar em inglês no Brasil é um grande desafio, mas vejo que cada vez mais encontro pessoas que se identificam com as letras e melodias que crio, que vão nos shows, que riem e choram ao cantarem junto. Tô formando uma comunidade de fãs muito forte e cheio de gente legal. Tenho grupos no WhatsApp com a galera, um grupo para cada capital no Brasil, para organizar shows e rolês…” O próximo álbum, ainda em segredo, promete aprofundar essa jornada de autoconhecimento, relacionamentos e realizações.

Com sua voz marcada pela melancolia sulista, sua capacidade de unir diferentes gêneros e uma carreira construída entre a coragem de recomeçar e o respeito às próprias raízes, Rafael Witt é um artista que promete deixar sua marca no cenário nacional e internacional da música.

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Fotos Externas - Créditos: Malu Freire

Fotos Studio - Créditos: Taís Valença

1 comentário


Ester Cristina
Ester Cristina
19 de ago.

Li a matéria acompanhado de um café, e foi bom saber um pouco mais sobre a história do artista que admiro.

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