Paloma Bernardi em Cena
- VAM Magazine
- 2 de set.
- 7 min de leitura
Da TV ao teatro, passando pelo cinema, a atriz revela sua arte, autenticidade e olhar transformador sobre a vida e a sociedade.

Paloma Bernardi chega à capa da VAM Magazine consolidada como uma das atrizes mais versáteis e inspiradoras da sua geração. Desde cedo, Paloma mergulhou no universo artístico, conquistando papéis que desafiam sua técnica e sensibilidade. O público se encantou com sua atuação em novelas marcantes, como O Cravo e a Rosa, onde interpretou Catarina, uma personagem icônica que atravessou gerações e continua reverberando nas salas de teatro e nas telas.
Ao longo de sua carreira, Paloma construiu um caminho pautado por escolhas conscientes, sempre buscando personagens que a desafiem e que tragam relevância social e emocional. Ela transitou com maestria entre televisão, cinema e teatro, explorando diferentes formatos e linguagens, sem jamais abrir mão da profundidade e autenticidade em cada interpretação. Além de seu talento artístico, Paloma se destaca por engajamento em projetos culturais e sociais, como o Solidariedade Transforma, que valoriza talentos locais e promove mudanças concretas em comunidades carentes.
Nesta edição da VAM Magazine, Paloma abre seu universo, refletindo sobre os desafios de reviver papéis emblemáticos, a busca por novas experiências no teatro e no cinema, o equilíbrio entre vida pessoal e autocuidado, e a maneira como encara a maturidade com autenticidade e consciência. Mais do que uma atriz, Paloma é uma voz ativa que celebra a força feminina, a coragem de se reinventar e o poder transformador da arte — inspirando o público a viver cada fase da vida com verdade e intensidade.
ENTREVISTA

Carreira e personagens
Transformação no palco: Você se destacou em papéis desafiadores, como a Catarina em O Cravo e a Rosa. Como você se prepara para interpretar personagens tão icônicos e complexos? Como em todo trabalho, eu procuro sempre unir técnica e sensibilidade. Primeiro, mergulho no estudo: pesquiso contexto histórico, referências, corpo, voz, tudo que possa enriquecer a personagem. Mas, além disso, busco algo mais íntimo: encontro dentro de mim as emoções e vivências que possam dialogar com aquela história. É quase um ritual de entrega: eu me dispo de mim mesma para vestir a alma de outra pessoa. Acredito que a complexidade desses papéis pede, sobretudo, verdade. Quando colocamos verdade no palco ou na tela, o personagem deixa de ser apenas interpretação e passa a ser encontro, conexão comigo mesma e com o público.
Escolhas artísticas:
Como você decide quais projetos aceitar? Existe algum critério específico que você segue ao escolher seus papéis? Acredito que, muitas vezes, são os personagens que nos escolhem. Claro que existe critério: procuro histórias que tenham relevância, que tragam reflexão, que provoquem em mim uma transformação e que possam também tocar o público. Quando um papel chega até mim, observo se ele desperta verdade e se dialoga com meu momento como artista e como pessoa. Esse é o sinal de que é a escolha certa.
Desafios profissionais:
Você mencionou o desejo de sair da sua zona de conforto. Pode compartilhar algum projeto recente que tenha representado esse desafio para você? Acho muito válido sair da minha zona de conforto, porque isso me coloca diante de realidades completamente diferentes da minha e me impulsiona a mergulhar em universos que eu não conheço e que aparentemente não me veriam ali naquele lugar. Um exemplo foi o curta A Senhora do Andador, em que vivi uma designer de sapatos viciada em cheirar cola e fumar. Era um universo totalmente distante de quem eu sou, mas justamente por isso foi tão instigante e enriquecedor.
Qual vilã icônica gostaria de dar vida? Ou prefere uma “mocinha”? Eu não tenho preferência entre vilã ou mocinha, porque acredito que todo personagem bem escrito tem uma complexidade fascinante. Mas confesso que as vilãs me atraem, pois trazem desafios intensos e me obrigam a explorar camadas escondidas em nós. Atualmente, assistindo Guerreiros do Sol, vejo o trabalho do Irandhir Santos como um vilão sombrio, violento e sem piedade. Adoraria interpretar uma mulher nesse universo, que oscila entre poder, fragilidade e perversidade.
Autocuidado e maturidade
Autocuidado: Como você equilibra a vida profissional intensa com momentos de autocuidado e bem-estar Conciliar minha vida profissional agitada com o bem-estar é questão de disciplina e prioridade. Eu reservo momentos para cuidar de mim, seja com exercícios, leitura, dança, meditação, estar com quem amo ou simplesmente fazer nada — que para mim também pode ser tudo. Esses espaços me recarregam e me permitem estar plena e presente para o trabalho.
Envelhecimento: Você tem abordado a maturidade com autenticidade. Quais são os maiores aprendizados que a idade trouxe para sua vida pessoal e profissional? Aprendi que passamos muito tempo com medo da passagem do tempo e esquecemos de viver o agora. Hoje entendo que o que importa é viver cada fase, viver o presente como um presente de fato. Essa maturidade me trouxe mais autenticidade e me permite transformar minhas experiências pessoais em força e verdade no meu trabalho como atriz.
Imagem pública:
Em um mundo tão focado na aparência, como você lida com as expectativas externas e mantém sua autenticidade? Acima de tudo, procuro estar bem comigo mesma, atendendo às minhas próprias expectativas. Assim consigo manter minha autenticidade, sem me deixar levar pela pressão ou pelas cobranças externas sobre a aparência.
Sociedade e cultura
Padrões de beleza: Você já falou sobre a pressão para atender a padrões estéticos. Como você acredita que a indústria do entretenimento pode contribuir para uma representação mais inclusiva e realista das mulheres? Qual a cobrança que sente hoje ao postar uma foto ou andar na rua? Acredito que a indústria do entretenimento pode contribuir mostrando mulheres reais, com diversidade de corpos, idades e histórias, indo além dos estereótipos. Ao postar uma foto ou andar na rua, procuro me sentir bem comigo mesma, sem ser refém do olhar externo. Tento compartilhar minhas fragilidades e mostrar que somos todas iguais em muitos aspectos.
Ativismo cultural: Além de sua carreira artística, você tem se envolvido em projetos culturais e sociais. Pode nos contar mais sobre essas iniciativas e como elas impactam sua visão de mundo? Sim, estou envolvida em projetos sociais, especialmente o Solidariedade Transforma, em Caruaru, que dá visibilidade a talentos locais, valoriza a cultura regional e ajuda quem mais precisa. Eu costumo dizer que coloco minha fé em ação com esses projetos: acredito que nós, que temos tanto, podemos fazer a diferença na vida de quem tem pouco. Para mim, é uma missão de vida olhar e ajudar o próximo.
Mudanças sociais:
Como você vê o papel da arte na transformação social? Existe algum projeto ou causa que você gostaria de apoiar ou desenvolver no futuro? Para mim, a arte vai além do meu ofício de atuar. É um caminho de educação, transformação e conexão, capaz de provocar reflexão e sensibilidade, aproximar realidades diferentes e inspirar mudanças sociais significativas. Todo projeto em que a arte seja o fio condutor
dessa transformação terá meu apoio e dedicação.
Hoje e além
Novos horizontes: Quais são seus próximos projetos no teatro, cinema ou televisão? Existe algum gênero ou formato que você ainda não explorou e gostaria de experimentar? Meus projetos atuais estão tomando conta da minha rotina, e não tenho do que reclamar: estou transitando entre teatro, cinema e streaming. No teatro, vivo O Cravo e a Rosa; nos streamings, estou em gravação de Arcanjo Renegado; e tenho três filmes para lançar no cinema. Só posso agradecer às produções que confiam em mim. Pretendo continuar explorando diferentes veículos e formatos da arte, sempre me reinventando e me conectando com novas realidades e universos.
Internacionalização:
Você mencionou o desejo de desbravar Madrid e Barcelona. Há planos concretos para expandir sua carreira internacionalmente? Sim, Madrid e Barcelona são destinos que tenho em mente para expandir minha carreira. Estudo espanhol há muitos anos e acredito que estar preparada é essencial, porque a oportunidade pode surgir a qualquer momento. Tenho focado meu pensamento e planejamento artístico, buscando constantemente possibilidades de atuação internacional. Essa hora vai chegar!
Legado artístico:
Como você gostaria de ser lembrada no cenário artístico brasileiro? Existe algum legado que você deseja deixar para as futuras gerações de artistas? Gostaria de ser lembrada como uma atriz que sempre alcançou as estrelas, mas com os pés firmes no chão. Que, sem perder a essência, sempre foi proativa para fazer tudo acontecer; que atuou com verdade, coragem e sensibilidade, contribuindo para histórias que emocionaram e inspiraram. Meu desejo é deixar um legado de autenticidade e dedicação, servindo de referência para futuras gerações de artistas.
Seu retorno à Globo com Arcanjo Renegado acontece após quase uma década fora da emissora. Você encara esse convite como um reconhecimento tardio ou como a chance de se reinventar em um novo momento da sua carreira? Para mim, o artista deve estar onde sua arte o chama, e hoje isso acontece novamente na Globo. Encaro esse convite como uma oportunidade de me reinventar em um novo momento da minha carreira, trazendo mais bagagem, aprendizado e maturidade. Tenho certeza de que será, e já está sendo, uma experiência incrível. Me sinto feliz, honrada e grata por fazer parte, especialmente, da Família AfroReggae, que realiza obras tão potentes.
No teatro, você revive Catarina em O Cravo e a Rosa, uma personagem que já marcou gerações na TV. O maior desafio é lidar com a comparação ou foi encontrar uma nova força feminina para reinterpretá-la em 2025? Ao viver Catarina no teatro, nunca me preocupei com comparações, mas fiz questão de respeitar e honrar o trabalho da Adriana Esteves, uma atriz que admiro. No palco, mesmo em um lugar nostálgico para o público, tive liberdade de criação para dar vida à minha própria ‘onça brava’. O verdadeiro desafio foi trazer, através da comédia, essa mulher feminista, à frente do seu tempo nos anos 20, e conectá-la com a mulher de 2025. Catarina foi pioneira e abriu caminho para que possamos ser quem somos hoje. Permitir isso no palco é um privilégio, e percebemos que falar sobre feminismo continua sendo atemporal
.
Com cinema, teatro e streaming acontecendo ao mesmo tempo na sua vida, você sente liberdade para escolher seus projetos ou ainda existe uma pressão da indústria para estar sempre visível e presente em tudo? Ter cinema, teatro e streaming acontecendo ao mesmo tempo me dá liberdade para escolher projetos que realmente me instigam. Claro que existe pressão da indústria para estar sempre visível, mas aprendi a me guiar pelo que faz sentido artisticamente e pelo que me acrescenta como pessoa e atriz… tudo ao seu tempo.
Produção executiva @coisafina.culture
Beauty e Styling @guichapina
Foto @rafaeldardes
Foto assist. @_terrafx
Entrevista @antonnio.italiano
Making off @cassiotassiph
MakeUp @o.leoncamargos
Hair @tatianamakeuppp
Imprensa: @melinatavarescomunicacao
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