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Emanuelle Araújo é a capa da nova edição da VAM Magazine: diva baiana que transcende fronteiras entre moda, música e cinema.

Atualizado: 23 de jul.

Entre raízes ancestrais e um olhar contemporâneo, Emanuelle Araújo celebra 20 anos da Banda Moinho, brilha no cinema internacional e transforma a moda em extensão da sua arte e identidade.

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À primeira vista, ela exala elegância — com looks que dialogam entre o contemporâneo e o ancestral, sutileza e força. Mas Emanuelle é muito mais do que um rosto ou uma imagem: é um manifesto vivo de brasilidade estilosa, presença e origem. Divide seu tempo entre os ritmos potentes da Bahia, a elegância cenográfica da Lapa carioca e o universo vibrante dos cinemas e palcos.


Foi na Companhia Interarte, aos 10 anos, que a arte invadiu sua vida como educação e forma de estar no mundo — uma relação com o palco que se tornaria fundamental para sua identidade artística. Em 2004, deixando Salvador para viver no Rio, fundou a Banda Moinho, que em 2024 completa 20 anos reinventando a mistura de samba-reggae baiano e samba-rock carioca, com potência criativa e autenticidade.


No teatro, emociona como Clara Nunes em Clara Nunes – A Tal Guerreira, sob direção de Jorge Farjalla e texto de André Magalhães. Uma preparação intensa, para honrar cada verso e ancestralidade da grande inspiração da música brasileira. No cinema, estrela e compõe a trilha sonora do premiado drama O Barulho da Noite (direção de Eva Pereira), que conquistou prêmios nos festivais de Miami e Los Angeles — com estreia prevista para setembro nos cinemas brasileiros.


Em paralelo, prepara seu novo álbum solo como celebração dos ritmos afro-baianos: de “Vai na Paz do Senhor” a “Minha História”, passando pelo samba‑reggae “Tem Não” com Tatau, produção de Kassin e mixagem de Michael Brauer — uma reverência sonora à ancestralidade e potência da mulher negra brasileira.


Emanuelle entende a moda como extensão de sua arte. De figurinos impactantes no teatro musical a campanhas e ensaios de moda, seu estilo une elegância, identidade e brasilidade. Prefere looks que exaltem a feminilidade contemporânea — seja com silhuetas “masculinas repensadas”, cores fortes ou peças que contam histórias. Na afirmação visual, ela reforça que “a arte não pode ser ensimesmada”: é preciso estar conectada às novas gerações, sem abrir mão da verdade artística.


A seguir, um mergulho sofisticado na conversa com quem é potência, ancestralidade e elegância em forma de arte — nossa capa da VAM Magazine.


Emanuelle Araújo

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Emanuelle, você iniciou sua trajetória artística aos 10 anos, integrando a Companhia Interarte — como essa experiência precoce moldou sua relação com o palco e com a arte? A arte ter entrado cedo na minha vida foi uma benção. A Cia Interart foi a minha segunda família e também me educou para vida. Não vejo a arte apenas como ofício e entretenimento. Arte é educação. Aprendi a me portar no mundo pela minha família, mas, muito também pelas minhas experiências artísticas. 


Aos 28 anos, você se mudou de Salvador para o Rio de Janeiro, onde, em 2004, formou a Banda Moinho. Em 2024, o grupo celebrou 20 anos de vida. Quais foram os maiores aprendizados dessa jornada musical? Criar a banda Moinho foi um grande movimento de expansão e liberdade. Estava vindo do mainstream do Axé Music, nesta época cheio de rótulos e regras que muitas vezes não cabiam na minha compreensão artística. No Rio de Janeiro, me encontrei na diversidade musical da Lapa e percebi o espaço para o samba baiano. O samba foi outra grande escola que tive na minha trajetória. Eu, Lan e Toni formamos o grupo e misturamos a esta base de samba outros ritmos da nossa trajetória. É puro deleite!


Interpretar Clara Nunes no musical Clara Nunes – A Tal Guerreira foi um marco na sua carreira. Como você se preparou para encarnar essa ícone da música brasileira? Foi uma preparação muito intensa. Já tinha assistido a peça e conhecia a grandiosidade do musical. Clara é uma grande inspiração e uma musa da minha trajetória artística. Mergulhar na sua obra musical é um profundo aprendizado. Essa história criada pelo diretor Jorge Farjalla junto ao André Magalhães me fez ter muito respeito em contar cada detalhe com minha maior verdade e emoção. Foram semanas de intensos ensaios e preparação. Toda a minha dedicação. Aí vem o prazer de ver a obra de Clara homenageada pelo Brasil! 


No cinema, você tem se destacado por papéis intensos. Como você escolhe seus projetos cinematográficos e o que busca transmitir com cada personagem? Meu maior prazer em ser atriz é contar boas histórias. Hoje escolho minhas personagens pela pertinência que sinto que elas possam ter dentro de histórias interessantes. Podem ser dramáticas, engraçadas, questionadoras, questionáveis… porém, precisam contar algo relevante. Terem um feminino interessado dentro de qualquer complexidade - esse é o meu barato. 


Em “O Barulho da Noite”, você não só atua como protagonista, mas também assina a trilha sonora. Como foi essa experiência multifacetada, unindo atuação e composição? “O Barulho da Noite” é um projeto que vem me dando muitas alegrias. Desde as filmagens, até a finalização com toda a preparação da trilha sonora e as várias premiações que estamos recebendo em festivais pelo mundo. Compor a trilha foi um trabalho muito interessante e emocionante para mim. Algo que me deu muito prazer e sou feliz com o resultado. Eu e Ricco Viana buscamos sonorizar as emoções que já estavam na tela. E ao mesmo tempo era eu lá também. Foi muito louco! Agora estou ansiosa pelo filme nas salas de cinemas. A previsão de estreia é em setembro. Fazemos cinema para o público! 

 

Música e Cultura

Emanuelle, seu novo álbum solo é uma homenagem aos ritmos baianos. O que te inspira a manter viva essa conexão com suas raízes musicais? Sou cria dos tambores da Bahia. Minha artista nasceu do samba-reggae, ijexá e todos os ritmos afro-baianos que compõem nossa ancestralidade. Tava na hora de realizar um álbum completo em homenagem a toda essa história. Em breve chega completinho para todos e todas! 


A parceria com Tatau em “Tem Não” trouxe uma fusão de ritmos e estilos. Como foi esse encontro musical e o que ele representa para você? Tatau é um grande amigo e um artista que admiro muito! Essa parceria aconteceu de forma bem natural e celebrando nossa música e amizade. Unimos o samba-reggae aos arranjos de metais com estilo soul e programações eletrônicas do mestre Kassin, meu produtor em todo o álbum. 


⁠Você disse que precisamos estar sempre “antenados com essa moçada nova.” Como você percebe a evolução da música brasileira atual e seu papel nesse cenário? A arte não pode ser ensimesmada. Acredito que precisamos estar atentos aos movimentos mesmo que com os pés fincados na nossa personalidade. Sou bem atenta ao meu público que se renova a cada dia e tem muitas pessoas jovens encabeçando. Porém sem nunca deixar de lado a verdade das minhas escolhas artísticas. 

 

Moda e Estilo

Em ensaios e campanhas (como Mercatto, citada anteriormente), seu estilo é marcante. Quais são suas maiores referências na moda e como elas permeiam suas escolhas de imagem? Gosto de tudo que eleva nossa feminilidade. Inclusive o exaltar do feminino contemporâneo que tem muito mais a ver com a energia do feminino do que dos arquétipos quanto ao que uma mulher veste. Adoro, por exemplo, looks considerados “masculinos” que se encaixam na moda feminina. Porém, também amo vestidos, cores e tudo que exalta nossa brasilidade, nossa ancestralidade. 


Política e Sociedade

Você declarou que a beleza física é supervalorizada. Quais valores você considera essenciais para uma sociedade mais justa, igualitária e consciente? Os que pra mim são básicos: caráter, verdade, integridade, empatia, profissionalismo, amor e alegria! 


Em algum Questionário Proust, você afirmou que despreza quem foi responsável pela morte de Marielle. Como você enxerga o papel da arte na luta por justiça social? Ser artista é por si um ato político. Para mim, não há como não estar sintonizado aos acontecimentos sociais do mundo expressando arte verdadeira. 


Vida Pessoal e Filosofia

Você descreve seu estado mental como “pé no chão e cabeça nas nuvens”. Como essa filosofia se manifesta em sua vida cotidiana e nas decisões que toma profissionalmente.

Ser objetiva, trabalhar muito, ter foco nas minhas escolhas e caminho, porém, não endurecer jamais. Estar atenta ao outro. Ao mundo, entregue aos sonhos e ao imponderável da vida! 


⁠Sua filha, Bruna (hoje com 30 anos), segue uma trajetória musical de forma independente. Como você enxerga o legado que está construindo para as futuras gerações? Bruna já nasceu artista, porém, hoje seu objetivo é uma profunda dedicação à psicanálise lacaniana. Porém, sou muito orgulhosa dos fãs tão jovens que me acompanham. O que mais busco é ser verdadeira com quem eu sou e com meu trabalho artístico. A reverberação disso neles deixo a cargo  de cada um e ao destino.

Créditos

Fotos: @thomfoxx

Styling: @katharinavtaylor

Beleza: @lariantonelli

Tratamento de Imagem: @thomfoxx

Assistente de produção: @borgethh e @paaulovillalba

Entrevista: @antonnio.italiano 

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